4. A clara intenção de seguir a Santo Tomás de Aquino

Como manda a Igreja, e neste âmbito, aos melhores tomistas, como o padre Cornelio Fabro. Santo Tomás tem uma importância central em nossa formação. Buscar a verdade, descobri-la e alegrar-se de haver encontrado, dizia São João Paulo II, “é uma das aventuras mais emocionantes da vida[1].

Exemplo desta busca e paradigma do estudioso é a vida e a personalidade mesma de Santo Tomás, príncipe da filosofia e da teologia, como normalmente o chamam os Papas: “o Aquinate convida a todos os homens a buscar incansavelmente a verdade, porque somente investigando-a com insistência se chega a compreensão da realidade e daquele que é seu autor: ‘e assim a mente humana deve sempre mover-se mais e mais ao conhecimento de Deus segundo seu próprio modo’”[2].

Também neste sentido Santo Tomás se apresenta como exemplo de investigador: imitando o exemplo daquele que se preparava para o encontro com seu senhor através do jejum, da penitência e das lágrimas, todo que busca a Deus deve avançar pelo caminho da virtude e da contemplação, ascética necessária para educar a inteligência e purificar as paixões, com fidelidade, obediência e ‘segundo o sentir da igreja’.

Nesse sentido, o papa João Paulo II põe diante dos nossos olhos a paradigmática figura de Santo Tomás: “Santo Tomás se interessou por tudo o que é útil para o espírito e para a alma. Utilia potius quam curiosa [antes o útil que o curioso], recorda seu lema. Se esforçou continuamente por captar a harmonia entre a teologia, a filosofia e as ciências; nunca elaborou uma tese a priori. Sua investigação, sempre incompleta, era um diálogo incessante, não exclusivo, como os autores pagãos e cristãos, de quem retirava o melhor. Também dedicou sua atenção aos diferentes campos de investigação das ciências profanas. Sabia descobrir na ordem da criação a presença do Criador, causa primeira e eficiente: tudo é voz que fala de Deus (cf. 1Cor 14,10). Muitas intuições, que manifestam seus interesses pelas realidades criadas, ocupam um lugar privilegiado na investigação do Doutor Angélico: o mundo é o lugar onde Deus se revela enquanto agente primeiro (cf. S. Th I, 8, 1). O homem leva em si uma imagem de seu Criador que não se pode alterar totalmente (cf. S. Th. I, 93, 4). Cada uma das ciências é um hino ao Criador”[3]

Devemos fazer nossas aquelas palavras que dirigia São João Paulo II aos dominicanos: “incentivo hoje os irmãos pregadores… a converter-se em discípulos verdadeiros de Santo Tomás, capazes de afrontar as questiones disputatae, e a dialogar com os que estão afastados da fé e da Igreja, sem que isso signifique substituir essa ciência por excelência, que é a teologia, por uma ciência profana. Graças ao estudo assíduo da obra monumental do Doutor Angélico, o pensamento cristão adquire um método rigoroso e elementos conceituais, que permitem penetrar a profundidade da doutrina sagrada e desenvolver uma reflexão que tenha em conta a existência e as perfeições divinas, no limite do que a razão humana pode chegar a conhecer”[4].


[1] SÃO JOÃO PAULO II, Discurso aos jovens de Kampala (6 de fevereiro de 1993).
[2] SÃO JOÃO PAULO II, Carta em ocasião do 1° Centenário da ‘Revue Thomiste’ (11 de março de 1993).
[3] Ibidem.
[4] Ibidem.